quinta-feira, 17 de novembro de 2016


Hoje é o Dia Mundial do Prematuro. Não o podia deixar passar em branco porque hoje também é o teu dia. Tiveste pressa de nascer. Estavas grande com os teus 3,150 Kg e 49 cm mas ainda só tinhas 36 semanas. Os teus orgãos ainda precisavam de mais um tempinho para maturar e estavas preguiçosa para respirar. Foste para a Neonatologia e eu senti-me ser abalroada por um camião. Não era suposto, não é assim que acontece nos filmes. Apeteceu-me gritar mas depois de 18 horas de trabalho de parto não tinha mais forças. Subi para o quarto, vi todas as mães com os bebés e desabei... Queria-te ali comigo, queria abraçar-te, queria cheirar-te, queria não te largar. Doeu-me tanto que nem sei explicar. 
Passado pouco tempo a enfermeira veio dizer-me que se eu conseguisse tomar banho sem me sentir mal te podia ir ver. Pedi ajuda ao teu pai, arranjei forças nem sei onde mas nada me ia impedir de estar perto de ti. Quando finalmente voltámos a estar juntas e eu te vi ali, tão frágil dentro da incubadora, senti-me o ser humano mais impotente do mundo. Dei-te a mão e tu apertaste-me o dedo. Tive esperança que me tivesses reconhecido, afinal passámos tanto tempo juntas, afinal eras parte de mim e afinal eu precisava de ter esperança em alguma coisa.
Passei os dias que se seguiram ao teu lado, a mimar-te, a olhar-te, a sentir-te. Nada mais no mundo fazia sentido, nada mais no mundo existia. Tive alta antes de ti e chegar a casa sem te trazer foi o momento mais difícil da minha vida. Chorei muito, chorei sem parar, chorei tudo o que tinha guardado, chorei com medo, muito medo. Mas tu és uma força da natureza e cedo mostraste que estavas cá para vencer. Passados dois dias tiveste alta também e o meu coração pôde finalmente tranquilizar. 
No meio disto tudo existe o teu pai, sempre o teu pai, o melhor do mundo. Ali do lado, a cuidar de ti e de mim como se também ele não precisasse de cuidados. O teu pai será sempre a pessoa a quem mais estarei grata nesta vida, por isto e por tudo.


Amo-te

quinta-feira, 10 de novembro de 2016


Um dia vais ter uma biblioteca. Vamos construí-la juntas. Vamos ter um lugar reservado para os nossos livros, um lugar verdadeiramente especial onde vamos poder viajar sem sair de casa sempre que quisermos. Esse lugar vai crescer ao longo dos anos até se tornar numa biblioteca a sério. Os livros são viagens e emoções imperdíveis. Com os livros já me ri, já chorei, já me arrepiei, já me inspirei. Os livros podem ser verdadeiras lições.Os livros podem ser magia pura na tua vida, podem ser verdadeiros amigos e os melhores conselheiros. Eu adoro livros e gostava muito de te conseguir passar esta minha paixão. Quero que sintas o coração bater mais forte sempre que te depares com o cheiro das páginas, é dos melhores cheiros que podes sentir. Quero que percebas o quão especial é receberes um livro, quero que fiques verdadeiramente grata sempre que alguém te ofereça um.  
Nessa nossa biblioteca podes passar o tempo que quiseres, mesmo que não seja a ler. Às vezes sabe bem ficar a olhar para os livros que já leste, folheá-los e ires-te lembrando das personagens e das suas histórias, voltas a viajar e a perderes-te nas vidas de cada um. Acredita que vai haver dias em que vais sentir saudades das personagens que te marcaram. Saudade é o que fica sempre que acabo de ler um livro, é por isso que sei que valeu a pena ler cada um deles.
A nossa biblioteca vai ser o lugar dos sonhos e da imaginação. Quero que na nossa biblioteca, além de se lerem histórias, também se construa parte da nossa! Quero que a nossa biblioteca seja um dos nossos lugares especiais, onde eu possa sentir a tua presença e tu a minha, mesmo que só uma de nós esteja lá.


Amo-te

quarta-feira, 2 de novembro de 2016


A novidade que tenho para te contar hoje é daquelas que me enche o coração e transcende qualquer coisa que já tenha vivido. Estás curiosa? Olha que é algo mesmo muito muito importante, é algo que mudou irremediavelmente a minha vida. 
Tu já dizes mamã!!! “Mamã”, a palavra mais bonita que já ouvi dirigida a mim, a palavra que, até hoje,  me fez sentir mais grata por ter nascido. Quando a disseste pela primeira vez senti um orgulho como nunca antes havia sentido e uma vaidade que chega a ser ostensiva. E olha que eu até nem sou nada de vaidades, mas perante a situação tenho a certeza que ninguém vai contrariar o meu  direito de estar imensamente vaidosa.  Ser tua mamã é a parte de mim que mais gosto, é a parte de mim que me faz sentir mais completa. Tinha de inventar palavras para descrever o que senti quando olhaste para mim e disseste “mamã”.  Eu comecei a rir e a chorar ao mesmo tempo num misto de emoções que nem sei explicar. E tu? Tu continuaste a olhar para mim com um ar admirado como se me estivesses a dizer “Mas estás assim porquê? Não és minha mamã?”. Tenho a sensação que já te disse que me consegues surpreender sempre com a facilidade com que descobres o mundo. Sim sou, sou tua mamã e fico tão babada por ter esse privilégio. Para te dizer a verdade estou arrepiada até agora só de me lembrar do som da tua voz a dizer “mamã”. Filha, obrigada! Entraste há tão pouco tempo na minha vida e já és a pessoa a quem eu mais tenho de agradecer.

P.S.-Neste momento estás no berço, acabaste de acordar do teu soninho da tarde e já começaste a dizer mamã sem parar, para eu te ir buscar. Eu já te ouvi, se ouvi... Mas desculpa, eu vou deixar-te chamar-me mais um bocadinho. Não resisto, desculpa!

Amo-te