Hoje é o Dia Mundial do Prematuro. Não o podia deixar passar em branco porque hoje também é o teu
dia. Tiveste pressa de nascer. Estavas grande com os teus 3,150 Kg e 49 cm mas
ainda só tinhas 36 semanas. Os teus orgãos ainda precisavam de mais um tempinho para
maturar e estavas preguiçosa para respirar. Foste para a Neonatologia e eu
senti-me ser abalroada por um camião. Não era suposto, não é assim que
acontece nos filmes. Apeteceu-me gritar mas depois de 18 horas de trabalho de
parto não tinha mais forças. Subi para o quarto, vi todas as mães com os bebés e desabei... Queria-te
ali comigo, queria abraçar-te, queria cheirar-te, queria não te largar. Doeu-me
tanto que nem sei explicar.
Passado pouco tempo a enfermeira veio dizer-me que se eu conseguisse tomar banho sem me sentir mal te podia ir ver. Pedi ajuda ao
teu pai, arranjei forças nem sei onde mas nada me ia impedir de estar perto de
ti. Quando finalmente voltámos a estar juntas e eu te vi ali, tão frágil dentro
da incubadora, senti-me o ser humano mais impotente do mundo. Dei-te a mão e tu
apertaste-me o dedo. Tive esperança que me tivesses reconhecido, afinal passámos
tanto tempo juntas, afinal eras parte de mim e afinal eu precisava de ter
esperança em alguma coisa.
Passei os dias que se seguiram ao
teu lado, a mimar-te, a olhar-te, a sentir-te. Nada mais no mundo fazia
sentido, nada mais no mundo existia. Tive alta antes de ti e chegar a casa sem
te trazer foi o momento mais difícil da minha vida. Chorei muito, chorei sem
parar, chorei tudo o que tinha guardado, chorei com medo, muito medo. Mas tu és
uma força da natureza e cedo mostraste que estavas cá para vencer. Passados
dois dias tiveste alta também e o meu coração pôde finalmente tranquilizar.
No
meio disto tudo existe o teu pai, sempre o teu pai, o melhor do mundo. Ali do lado, a
cuidar de ti e de mim como se também ele não precisasse de cuidados. O teu pai
será sempre a pessoa a quem mais estarei grata nesta vida, por isto e por tudo.
Amo-te
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