sexta-feira, 30 de setembro de 2016














Minha princesa, hoje deste-nos uma noite como já não me lembrava. Tiveste a noite toda a choramingar. Como já te disse, desde que tens um mês e meio que dormes a noite toda e por isso ficámos mais preocupados do que aborrecidos. Quando adormeceste de forma tranquila já estava quase a amanhecer. Às oito da manhã, que é a hora a que costumas acordar para ir para a escolinha, estavas a dormir profundamente. Não tive coragem de te acordar. Decidi que te ia deixar dormir e quando acordasses ia ser uma manhã só nossa. Hoje não ia haver escolinha para ti. Confesso que foi uma decisão ligeiramente egoísta, é que eu estava com uma vontade imensa de ficar contigo. Há dias assim, em que não me apetece partilhar-te com ninguém.  
Acordaste por volta das nove e meia muito bem disposta e super amorosa. Ficámos no miminho uma da outra, dormitámos mais um bocado e passámos o resto do tempo numa brincadeira pegada. Brinquedos por todo o lado e muitas gargalhadas foi a receita para uma manhã deliciosa.
Senti-me uma sortuda por poder passar tanto tempo contigo e tive pena de todos os pais que não o podem fazer. Acredito que lhes doa muito. Cada vez se tem filhos mais tarde e cada vez se passa menos tempo com eles. Às vezes acho que as prioridades deste mundo estão todas baralhadas. De qualquer maneira, é um privilégio poder acompanhar tão de perto estes teus primeiros passos.    
Ao final da manhã acabaste por adormecer completamente exausta. Peguei em ti,  pus-te no berço e fui fazer o almoço com a perfeita noção de que tinha acabado de viver um dos momentos mais felizes da minha vida. Sei que, por seres pequenina, não vais ter recordações desta manhã tão especial, mas eu vou guardá-la para sempre no meu coração. Obrigada mais uma vez por me mostrares o quanto posso ser plenamente feliz.


Amo-te!  

quinta-feira, 22 de setembro de 2016



















Acredito convictamente que nada é mais contagioso que o exemplo. Desde que nasceste que tenho pensado muito nisso. Não quero só dar-te conselhos e dizer-te o que acho que é melhor. Quero que olhes para mim e te inspires, quero que o meu exemplo te dê força todos os dias, quero mostrar-te que falar é fácil e fazer também, basta quereres. Isso levou a que me  analisasse de forma mais profunda. A teoria sabia-a quase toda, a prática estava adormecida.
Quero que lutes sempre pelos teus sonhos, isso já te disse. E eu? Eu ando realmente a lutar para concretizar os meus? Não te posso pedir isso se não te mostrar como se faz. Estava grávida de ti quando me coloquei esta primeira questão. Afinal o que é que eu queria realmente fazer? Sabia a resposta, sabia tão bem a resposta. Peguei num papel e numa caneta e comecei a escrever. Foi assim que nasceu a minha primeira história infantil. Escrever sempre me preencheu e estava na hora de tentar realmente colmatar aquela parte de mim que sentia que faltava alguma coisa. Quando acabei de escrever ganhei coragem e enviei a uma editora, sem esperar grande coisa. Passou algum tempo e quando recebi a resposta nem queria acreditar. Queriam publicar!!! A partir desse dia algo se desbloqueou e eu sabia que não podia parar. Tenho escrito, tenho escrito muito, como sempre quis! A primeira história está quase quase a sair e é a ti que devo isso. É à força que tens em mim, desde o momento em que soube que estavas na minha barriga, que devo esta concretização. Não sei se vai dar certo,  não sei se este caminho me vai realmente levar a algum lado, mas sei que tentei, que não desisti e que vou lutar todos os dias. É isso que quero que faças também ao longo da tua vida.
Resolvida a primeira questão pôs-se outra. Quero que sejas uma pessoa saudável. Olhei para mim e vi alguém que fugia do exercício a sete pés. Fui inscrever–me num ginásio. O teu pai achou que eu estava a brincar e para te ser sincera, nem eu acreditava que tinha finalmente tomado uma atitude. Confesso que sou uma croma que lá anda, o teu pai intitulou-me o “Mr. Bean” do ginásio, mas sou esforçada e focada, vou todos os dias! Aos poucos vai ficar mais fácil para mim e, para ti, o desporto vai ser um hábito que vais adquirir facilmente se vires que faz parte da minha rotina.

Não sei se esta é a melhor forma de te educar, mas sei que falar sem fazer não é de certeza!

Amo-te!

domingo, 18 de setembro de 2016












Entre amigos já surgiu várias vezes a questão de qual o melhor super poder caso pudéssemos escolher um. Eu ficava sempre na dúvida. Voar parecia-me espetacular, ser invisível podia dar imenso jeito. Mas esta semana fizeste-me descobrir qual o verdadeiro super poder que eu gostava de ter. A única coisa que eu queria era conseguir ficar doente em teu lugar. Pois é Maria, esta semana tens estado doentinha. Dizem que é normal, que as crianças ficam doentes e tu até só tens uma diarreia e até estás muito bem disposta. Mas eu digo-te que nunca senti na minha vida uma angústia tão grande. Eu até já me estava a habituar às ansiedades quotidianas de ser mãe e, de repente, o nível sobe. Já percebi que contigo na minha vida não há mais tédio nem monotonia. Acredita que ver-te assim sem saber porquê e sem poder fazer grande coisa me fez envelhecer dez anos numa semana. O coração está sempre a mil, a cabeça não pára um segundo e sente-se um aperto tão grande que nem que eu quisesse conseguia pôr em palavras, chega a ser uma dor física. Desejei mil vezes que fosse possível trocar contigo.

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(Esta parte foste tu que escreveste, estás sentada ao meu lado e de repente começaste a bater nas teclas do computador com o ar mais feliz do mundo.  Perdi o fio condutor ao que estava a escrever, mas ganhei a carta mais deliciosa)

Acho que mais uma vez encontraste a forma de me dizer que vai tudo correr bem. És tão maravilhosa! E por favor, não fiques doente muitas vezes!  

P.S.- Estes dias também foram marcados por coisas positivas. Já tentas dizer “olá” e começaste a dizer a letra “p”. Quase que dizes papá e daqui a nada tenho de usar uma das tuas babetes no teu pai. Posto isto dou-te uma semana para aprenderes o dizer a letra “m”.


Amo-te!

sábado, 10 de setembro de 2016











Meu amor, esta semana fizeste seis meses! Meio ano de ti e de uma aventura louca. Vou fazer-te um pequeno resumo das nossas vidas durante este tempo.
Na primeira noite que vieste para casa choraste sem parar até amanhecer.  De manhã, depois de não ter pregado olho, chorei eu. Questionei-me se seria capaz. Parecia tudo tão maior do que eu. Estava tão assustada, nem dá para imaginares. Acredito que nessa altura também tu estivesses assustada, afinal a mudança não tinha sido mais pequena para ti. Desde essa primeira noite que continuo a questionar-me se serei capaz. Ter-te e cuidar-te é uma avaliação constante com a professora mais exigente que se pode ter... tu. Vou sabendo se passo nos testes através dos teus sorrisos.  
O primeiro mês foi o que passou mais lentamente. Eras tão pequenina e tão frágil e eu tão trapalhona e inexperiente. Nessa altura ensinaste-me que com calma e muito amor ia tudo correr bem. Ensinaste-me a descontrair e a sorrir contigo.
Os meses que se seguiram passaram a correr e tu foste conquistando cada etapa com distinção.Houve dias de cansaço, exaustão e quase perda de sanidade mental. Mentia-te se dissesse que foi sempre fácil. Mas acredita, foi sempre recompensador.
Cada vez interages mais com o mundo que te rodeia e é uma delícia assistir às tuas descobertas.  
Ainda ontem eu e o teu pai estivemos a ver fotografias tuas desde que nasceste até agora, é impressionante tudo o que já conquistaste, o quanto já cresceste. E, mais uma vez, não posso esquecer o teu pai. Foi ele que no final daquela primeira noite me abraçou e me disse que eu era capaz.  É ele que me continua a abraçar cada vez que tenho dúvidas. Ser mãe é o melhor do mundo, mas ser mãe ao lado de um pai assim deixa-me sem palavras.

P.S.-O teu novo passatempo é atirares os teus brinquedos o mais longe que consegues. Enquanto escrevo estou a ver uma Minnie de peluche a voar na direcção do sofá onde estou. Talvez te devesse repreender mas só consigo rir à gargalhada.


Amo-te.

domingo, 4 de setembro de 2016















Faz hoje dois anos que o teu pai me pediu em casamento. Provavelmente ele vai ficar surpreendido com esta carta porque  já nem se deve lembrar desta data. Mas as mulheres são assim, não há data que escape. 
Estávamos em Paris. Eu fui a pensar que não ia achar a cidade nada de especial e que devíamos ter pensado numa opção melhor para as férias. Estava completamente enganada. Foi logo no primeiro dia que o teu pai fez o pedido e talvez por esse motivo vi a cidade tornar-se mágica nesse instante. Mas acalma as emoções que o pedido não foi nada em grande estilo, tipo em frente à Torre Eiffel com uma multidão a assistir. O teu pai não é dado a essas coisas e eu teria morrido de vergonha. Na verdade ele ajoelhou-se mal chegámos ao quarto de hotel e com a caixa do anel ainda fechada fez a famosa pergunta. Eu disse imediatamente que sim e dei-lhe a dica que não seria pior se ele abrisse a caixa do anel. Nem queria acreditar, estava noiva e radiante. Afinal o amor da minha vida queria ficar comigo para sempre! A partir daí Paris tornou-se na nossa cidade... Tudo o que via era lindo, tudo o que comia era fantástico, tudo brilhava. Passados dois anos tenho a certeza que quem brilhava era eu. Ainda hoje se fechar os olhos consigo sentir tudo como se lá estivesse.
Subimos ao topo da Torre Eiffel e só me apetecia gritar o quanto estava feliz!
Passados dois anos aqui estou eu, casada e com a filha que sempre sonhámos.
Amo o teu pai, amo tanto o teu pai... Quem me dera que todas as crianças do mundo nascessem de um amor assim.
Um dia prometo que te levo ao topo da Torre Eiffel para gritarmos juntas a felicidade.

Amo-te


quinta-feira, 1 de setembro de 2016


















Hoje acordei com um nervoso miudinho. O teu primeiro dia no infantário e eu cheia de dúvidas, medos e angústias. E se ficasses a chorar? E se não comesses? E se eu, pura e simplesmente, não conseguisse vir-me embora? 
O teu pai acordou animado, disposto a não me deixar ir abaixo. Ele é incrível, acho que já te disse. Quando chegou a hora de te acordar ele andava atrás de nós com a câmara fotográfica, com clara intenção de registar tudo o que ia acontecendo na preparação para o teu primeiro dia de escola.  
Era hora de sair de casa e tu toda vaidosa e sorridente como de costume. Eu confesso, as minhas pernas já tremiam. Estava há dias a tentar convencer-me de todos os benefícios que o convívio com outros meninos te ia trazer. Quase desejei ter-te dentro da minha barriga outra vez.  Até ser mãe estava longe de imaginar que uma ligação assim fosse possível.
Chegámos ao infantário, que verdade seja dita, parece uma paraíso para crianças. Tanta cor, tantos bonecos... E tu, claro, mantiveste o sorriso! Eu contorcia-me para não chorar mas tu estavas feliz, mesmo feliz. Isso deu-me força, dei-te um beijo e saí. Fiquei uns segundos parada à entrada do infantário, limpei as lágrimas que finalmente pude deixar cair e acreditei que ia tudo correr bem. Estás a crescer e eu só podia estar feliz.
Passado algum tempo liguei para lá para saber como te estavas a adaptar. Disseram-me que estavas a brincar com uma lagarta de peluche colorida, que não tinhas chorado nada e que já tinhas toda a gente rendida a ti. Tinhas sido preguiçosa a comer, mas isso eu já esperava. Tens a mania de só comer bem no meu colo.
Desliguei o telefone e agradeci  pelo privilégio de ser tua mãe.
Finalmente chegou a hora de te ir buscar. Estavas a brincar, muito tranquila. Peguei em ti, abracei-te com força e enchi-te de beijinhos... Se imaginasses as saudades que tive!
Viemos para casa, dei-te a sopinha e tu, como se adivinhasses que eu precisava de ser confortada, abraçaste-me... Ficaste bem quietinha, abraçada a mim, durante imenso tempo! Foi aí que percebi que também tiveste saudades minhas... Chorei pela segunda vez. Desejei que por mais passos que desses na vida, voltasses sempre com esse abraço de quem sente saudades.


Amo-te