Hoje acordei com um nervoso miudinho. O teu primeiro dia no
infantário e eu cheia de dúvidas, medos e angústias. E se ficasses a chorar? E
se não comesses? E se eu, pura e simplesmente, não conseguisse vir-me embora?
O teu pai acordou animado, disposto a não me deixar ir abaixo. Ele é incrível,
acho que já te disse. Quando chegou a hora de te acordar ele andava atrás de
nós com a câmara fotográfica, com clara intenção de registar tudo o que ia
acontecendo na preparação para o teu primeiro dia de escola.
Era hora de sair de casa e tu toda vaidosa e sorridente como
de costume. Eu confesso, as minhas pernas já tremiam. Estava há dias a tentar
convencer-me de todos os benefícios que o convívio com outros meninos te ia trazer. Quase desejei ter-te dentro da minha barriga outra vez. Até ser mãe estava longe de imaginar que uma
ligação assim fosse possível.
Chegámos ao infantário, que verdade seja dita, parece uma
paraíso para crianças. Tanta cor, tantos bonecos... E tu, claro, mantiveste o
sorriso! Eu contorcia-me para não chorar mas tu estavas feliz, mesmo feliz.
Isso deu-me força, dei-te um beijo e saí. Fiquei uns segundos parada à entrada
do infantário, limpei as lágrimas que finalmente pude deixar cair e acreditei que
ia tudo correr bem. Estás a crescer e eu só podia estar feliz.
Passado algum tempo liguei para lá para saber como te
estavas a adaptar. Disseram-me que estavas a brincar com uma lagarta de peluche
colorida, que não tinhas chorado nada e que já tinhas toda a gente rendida a
ti. Tinhas sido preguiçosa a comer, mas isso eu já esperava. Tens a mania de só
comer bem no meu colo.
Desliguei o telefone e agradeci pelo privilégio de ser tua mãe.
Finalmente chegou a hora de te ir buscar. Estavas a brincar,
muito tranquila. Peguei em ti, abracei-te com força e enchi-te de beijinhos...
Se imaginasses as saudades que tive!
Viemos para casa, dei-te a sopinha e tu, como se
adivinhasses que eu precisava de ser confortada, abraçaste-me... Ficaste bem
quietinha, abraçada a mim, durante imenso tempo! Foi aí que percebi que também
tiveste saudades minhas... Chorei pela segunda vez. Desejei que por mais passos
que desses na vida, voltasses sempre com esse abraço de quem sente saudades.
Amo-te
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