quinta-feira, 23 de junho de 2016

Um dia vais querer saber como eras quando eras bebé. Pois bem, eu vou contar-te. Mas tens de ter em atenção que a tudo o que eu vou escrever tens de adicionar quilos de ternura, porque é impossível fazer justiça a tudo o que és apenas com palavras. 
És uma bebé muito tranquila a maior parte do tempo. Desde que tens um mês e meio que dormes toda a noite, espero que ensines os teus futuros irmãos a fazerem o mesmo. Acordas sempre bem disposta com mil sorrisos para oferecer. 
Adoras o banho e é aqui que vem a pior parte. Quando o banho acaba a birra é tanta que eu juro que tenho medo que os vizinhos chamem a segurança social. Tens de parar com isso, por favor! Torna-se uma tarefa bastante difícil vestir-te enquanto berras e esperneias numa vontade infinita de voltares para a água. Depois de estares vestida e após um passeio pela casa com miminho à mistura lá voltas a ser a princesinha do costume. Entre todo este festival tens o teu pai, que se nomeou teu cabeleireiro pessoal, a tentar pentear o teu cabelo. Tens um cabelo fenomenal. Por mais que se penteie fica sempre todo no ar, é super radical. Bem que podes agradecer ao teu pai essa genética capilar. Quando o conheci era quase tão despenteado como tu.
Estás sempre atenta a tudo o que se passa à tua volta, és muito curiosa e observadora. Gostas de atenção. Se tiveres acordada e sem ninguém por perto mais de dois minutos começas logo a reclamar. Eu confesso que até gosto dessa tua necessidade, por mim estava sempre coladinha a ti. 
Recentemente aprendeste a fazer bolinhas com a saliva o que te diverte imenso. És tão encantadora com esta tua brincadeira que derretes toda a gente. Para dizer a verdade fui eu que te ensinei e sei que me vou arrepender quando iniciarmos a etapa da sopa. Prometo que nessa altura vou tentar lembrar-me de como és querida agora.
Sobre ti há muito mais a dizer mas, como já referi as palavras são poucas. É ver e guardar no coração. Para teres uma ideia às vezes até quando bocejas me emociono.

Resumindo, tenho para mim que és feliz... Vou fazer de tudo para que o continues a ser.


Amo-te.

quinta-feira, 16 de junho de 2016














Meu amor, já falta pouco tempo para ires para a escolinha. Quando digo pouco tempo quero dizer dois meses e só de imaginar já fico com o coração apertado. A escolinha que eu e o teu pai escolhemos para ti é cheia de cor e vida, tenho a certeza que vais adorar. Eu é que vou ter de me habituar à ideia, que isto de pensar em ficar umas horas sem te ver faz doer.
Afinal o que é difícil não é a adaptação dos filhos à escola, é a adaptação dos pais. 
Prometo que vou tentar não estar sempre a pensar se está tudo bem, se comeste tudo ou se te magoaste em alguma brincadeira. Prometo que vou tentar mas não prometo que vá conseguir. 
Isto de ser mãe é tão complexo.
Já te disse que sei que te estou a criar para o mundo, este é o primeiro passo. Estás a crescer com tudo o que crescer implica e eu estou muito feliz por isso, não me interpretes mal. Só não sei bem onde vou guardar a saudade que vou ter destes tempos em que és só minha. Vou sentir tanta falta das nossas manhãs preguiçosas, quando adormeces ao meu colo depois de  beberes o primeiro biberão do dia, tão ensonada que te tornas ainda mais ternurenta. Vou sentir falta das tardes de brincadeira em que me ensinas a ser criança outra vez. Vou sentir falta de estar sempre por perto e acompanhar cada passinho.
Resta-me aprender uma nova forma de te viver. Mas olha, quero ter sempre a nossa bolha onde é proibido entrar o resto do mundo, nem que seja só por breves instantes. Promete-me que vais ter sempre espaço para a nossa bolha!
O teu pai está sempre a dizer que o mimo que te dou é mais para mim que para ti, começo a perceber o quanto ele tem razão.


P.S.- Aprende rápido a dar beijinhos. Estou tão ansiosa por um beijinho teu.

Amo-te.

terça-feira, 7 de junho de 2016










És ainda muito pequenina mas tens um olhar bastante curioso. Gostas de ver tudo em teu redor e ai de mim se me atrevo a deitar-te quando estás a prestar atenção em alguma coisa. Nessas alturas dás pleno uso aos teus pulmões. Quase me vejo obrigada a pedir-te desculpa. A verdade é que é teu direito explorar o mundo ao qual vieste parar! Não quero ser eu a limitar o teu espírito explorador.
Nisso somos parecidas. O desejo de absorver o mundo que demonstras com o olhar é também o desejo que me faz ser apaixonada pela vida.  
É por te perceber muito bem  que te vou ensinar a partir. Quero que partas muitas vezes, quero que vás à aventura pelo mundo de peito aberto para conheceres novos países, novas culturas. Apaixona-te pelos sítios e pelas pessoas. Vai com a humildade de quem quer entender as raízes do mundo. Acredita que é isso que vai fazer a tua vida valer a pena. Mas não procures ver só o que é bom. Neste mundo há muita miséria. Veres com os teus próprios olhos a miséria vai doer-te mas também te vai transformar. Vai dar-te mais vontade de lutares por um mundo melhor.
Nas tuas partidas eu vou estar imensamente feliz porque sei que te vais estar a realizar. Ao mesmo tempo vou estar com o coração apertadinho ansiosa que regresses, porque também faz parte dos que se amam. E também faz parte tu quereres regressar porque vais aprender que, por muita sede de mundo que tenhas, se a tua origem é cheia de amor tu vais sempre querer regressar. É essa a armadilha que eu e o teu pai te vamos preparar. Vamos dar-te uma casa tão cheia de amor que vais sempre querer regressar. Nós cá estaremos, à tua espera, cheios de vontade de conhecer o mundo através de ti. A tua visão do mundo vai também acrescentar-nos muito, disso eu tenho a certeza.

P.S.-Tive todo o dia para escrever-te esta carta. Não por falta de inspiração mas porque entre escrever-te e olhar-te eu fui adiando a primeira. 

Amo-te.