terça-feira, 7 de junho de 2016










És ainda muito pequenina mas tens um olhar bastante curioso. Gostas de ver tudo em teu redor e ai de mim se me atrevo a deitar-te quando estás a prestar atenção em alguma coisa. Nessas alturas dás pleno uso aos teus pulmões. Quase me vejo obrigada a pedir-te desculpa. A verdade é que é teu direito explorar o mundo ao qual vieste parar! Não quero ser eu a limitar o teu espírito explorador.
Nisso somos parecidas. O desejo de absorver o mundo que demonstras com o olhar é também o desejo que me faz ser apaixonada pela vida.  
É por te perceber muito bem  que te vou ensinar a partir. Quero que partas muitas vezes, quero que vás à aventura pelo mundo de peito aberto para conheceres novos países, novas culturas. Apaixona-te pelos sítios e pelas pessoas. Vai com a humildade de quem quer entender as raízes do mundo. Acredita que é isso que vai fazer a tua vida valer a pena. Mas não procures ver só o que é bom. Neste mundo há muita miséria. Veres com os teus próprios olhos a miséria vai doer-te mas também te vai transformar. Vai dar-te mais vontade de lutares por um mundo melhor.
Nas tuas partidas eu vou estar imensamente feliz porque sei que te vais estar a realizar. Ao mesmo tempo vou estar com o coração apertadinho ansiosa que regresses, porque também faz parte dos que se amam. E também faz parte tu quereres regressar porque vais aprender que, por muita sede de mundo que tenhas, se a tua origem é cheia de amor tu vais sempre querer regressar. É essa a armadilha que eu e o teu pai te vamos preparar. Vamos dar-te uma casa tão cheia de amor que vais sempre querer regressar. Nós cá estaremos, à tua espera, cheios de vontade de conhecer o mundo através de ti. A tua visão do mundo vai também acrescentar-nos muito, disso eu tenho a certeza.

P.S.-Tive todo o dia para escrever-te esta carta. Não por falta de inspiração mas porque entre escrever-te e olhar-te eu fui adiando a primeira. 

Amo-te.

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