sábado, 28 de maio de 2016









Há uns dias soube de uns pais que perderam uma filha. Não conheço os pais nem a filha, mas assim que soube da notícia senti o chão a fugir-me dos pés.  
Que tipo de crueldade é esta? Como se sobrevive? Como se respira?
Claro que já tinha ouvido imensas histórias  de pais que perderam filhos, mas nunca tinha pensado nisso depois de te ter. Acho que descobri a maior injustiça que existe. Doem-me as entranhas só de imaginar. Dói-me a alma. Dá vontade de voltar a ter-te dentro de mim para poder proteger-te.
Sei que te estou a criar para o mundo e vais ganhar asas, contudo não te minto se te disser que dói pensar que podes sofrer, que algo de mal te pode acontecer.  
Ser mãe também dói.
A verdade é que havia vida em mim antes de ti, mas a partir do dia em que nasceste, jamais haverá vida sem ti.
Sei que não posso viver os meus dias angustiada a pensar nas armadilhas que a vida tem para ti, no entanto já percebi que vou adormecer muitas noites com o coração apertado. Que ideia a minha pensar que podia ter-te, ter a plenitude da felicidade, ter o teu sorriso todas as manhãs sem dar nada em troca... Pois é, não podia ser. Em troca dá-se a própria vida e a paz de espírito. Mas não te sintas culpada por isso filha, porque dava tudo quanto houvesse para te ter aqui sem pensar duas vezes. Por ti vale a pena correr o risco, qualquer risco. 

P.s.-Falando como filha, para os pais que perderam os filhos, acreditem que eles, estejam onde estiverem, querem tanto que vocês sejam felizes como vocês desejaram que eles fossem.  E, nem que seja pela lembrança de um sorriso, sorriam. Como mãe, não consigo dizer nada...


Amo-te

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