Esta semana passou na televisão
uma reportagem sobre crianças que são arrancadas (não há outro termo para
definir aquilo que fazem) aos pais. Não por estes serem maus pais, não por
terem feito nada contra os filhos, apenas para que alguém receba
dinheiro com a adopção dessas crianças. Não consegui ver até ao fim. Olhei para
ti e senti automaticamente um murro no estômago, o meu coração disparou, achei
que ia vomitar. Estou sempre a dizer-te que vives num mundo louco, mas acho que
nem eu tenho noção de quão louco está este mundo! Desculpa não poder
oferecer-te nada melhor, é que tu merecias mais, muito mais. Tu e todas as
crianças que tal como tu não têm culpa de nada disto. Pergunto-me se estes
adultos retorcidos, que põe interesses económicos à frente de tudo, se esqueceram
das crianças que um dia foram.Pergunto-me se eles nunca desejaram um mundo em
que todos fossem felizes. Pergunto-me como pode um ser humano perder-se tanto ao ponto de
deixar de o ser. Sim, porque quem arquitecta tais esquemas já deixou tudo o que
havia de humano para trás. Só de pensar na dor daqueles pais apetece gritar sem
parar até que alguém consiga remediar o mal que lhes foi feito.
Se eu pudesse proteger-te-ia de
todos os males do mundo, mas não posso e foi a consciência disso que fez com
que não conseguisse ver a reportagem até ao fim. De todos os sentimentos de
impotência que fui tendo perante situações ao longo da vida, nenhum chega
sequer perto do sentimento de impotência perante aquilo de que não te posso
proteger.
Quero pedir-te que nunca te deixes corromper por este lado podre do mundo. Se eles soubessem que na verdade é preciso tão pouco para serem felizes, e que no fundo vão ser sempre infelizes à procura de mais e mais, talvez o mundo fosse definitivamente melhor.
Quero pedir-te que nunca te deixes corromper por este lado podre do mundo. Se eles soubessem que na verdade é preciso tão pouco para serem felizes, e que no fundo vão ser sempre infelizes à procura de mais e mais, talvez o mundo fosse definitivamente melhor.
Amo-te e desculpa mais uma vez!
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