quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Esta semana passou na televisão uma reportagem sobre crianças que são arrancadas (não há outro termo para definir aquilo que fazem) aos pais. Não por estes serem maus pais, não por terem feito nada contra os filhos, apenas para que alguém receba dinheiro com a adopção dessas crianças. Não consegui ver até ao fim. Olhei para ti e senti automaticamente um murro no estômago, o meu coração disparou, achei que ia vomitar. Estou sempre a dizer-te que vives num mundo louco, mas acho que nem eu tenho noção de quão louco está este mundo! Desculpa não poder oferecer-te nada melhor, é que tu merecias mais, muito mais. Tu e todas as crianças que tal como tu não têm culpa de nada disto. Pergunto-me se estes adultos retorcidos, que põe interesses económicos à frente de tudo, se esqueceram das crianças que um dia foram.Pergunto-me se eles nunca desejaram um mundo em que todos fossem felizes. Pergunto-me como  pode um ser humano perder-se tanto ao ponto de deixar de o ser. Sim, porque quem arquitecta tais esquemas já deixou tudo o que havia de humano para trás. Só de pensar na dor daqueles pais apetece gritar sem parar até que alguém consiga remediar o mal que lhes foi feito.
Se eu pudesse proteger-te-ia de todos os males do mundo, mas não posso e foi a consciência disso que fez com que não conseguisse ver a reportagem até ao fim. De todos os sentimentos de impotência que fui tendo perante situações ao longo da vida, nenhum chega sequer perto do sentimento de impotência perante aquilo de que não te posso proteger.
Quero pedir-te que nunca te deixes corromper por este lado podre do mundo. Se eles soubessem que na verdade é preciso tão pouco para serem felizes, e que no fundo vão ser sempre infelizes à procura de mais e mais, talvez o mundo fosse definitivamente melhor.


Amo-te e desculpa mais uma vez!   

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